A Ponte dos Saltos, a Pinguela de Romão e a Barca do Nuno
Os cursos de água, rios e ribeiros, eram no passado obstáculos difíceis de transpor mas, com recurso a pinguelas e embarcações rudimentares, isso não impedia que os nossos antepassados mais remotos chegassem onde queriam. De tempos muito distantes quase não há notícia do modo como o faziam na nossa região. Do tempo dos romanos para cá, de há mais de dois mil anos, sabemos da existência de vários itinerários, várias vias ou estradas, pelos marcos miliários (1) que colocavam ao longo do caminho. Todos esses itinerários exigiam a travessia de rios e riachos. Alguns deles passavam pelo vale do Ave, como é o caso da ligação de Bracara Augusta (Braga) a Olissipo (Lisboa), passando por Cale (Porto). Para o fazer, foi necessário construir pontes e, quando o rio era demasiado largo e profundo, as ligações entre as margens faziam-se por barca. (2) Muitos desses itinerários foram mantidos e aumentados durante toda a Idade Média, dando lugar às chamadas estradas reais, embora seja escassa a informação sobre este assunto no que respeita a esta região.
Das Memórias Paroquiais de 1758 colhe-se pela primeira vez informação exaustiva, pormenorizada sobre rios, riachos, pontes, moinhos, população, igrejas, capelas, mosteiros... que havia por todo o território nacional. Os inquéritos que lhe deram origem foram remetidos aos párocos de todo o país por ordem do Secretário de Estado dos Negócios do Reino, o equivalente ao actual primeiro-ministro, Sebastião José de Carvalho e Melo, o todo poderoso Marquês de Pombal. As respostas ao inquérito estão actualmente guardadas na Torre do Tombo e constituem a mais importante e completa fonte de informação da época sobre a caracterização histórico-geográfica do território nacional, sendo possível consultá-la pela internet. (3)
No que diz respeito à travessia de ribeiros e outros pequenos cursos de água, o pároco da freguesia de Abade de Vermoim, do actual concelho de Vila Nova de Famalicão, dá uma resposta, que poderia ser dada por todos ou quase todos os outros. Ele escreveu que a freguesia «não tem pontes de que se possa dar conta porque só tem algumas pinguelas de pedra, que não são dignas de memória». Mas, afinal, o que era uma pinguela? Sabe-se que em português arcaico pinguela significava uma armadilha para apanhar pássaros, mas que a mesma palavra também servia e serve para designar uma ponte precária sobre um pequeno curso de água feita com paus, troncos de árvores, pedras ou outros materiais, geralmente sem protecção lateral, de pouca altura, pouco acima do nível das águas. Pela resposta dada por aquele padre, percebe-se que as muitas pinguelas que havia pelo território nacional não são mencionadas pelos memorialistas.
O cura de Sanfins de Riba de Ave, padre Diogo Ferreira da Costa, fala das diversas pontes de pedra do rio Ave (4) e também menciona «nesta freguesia uma de pau, que se passa a maior parte do ano, que nas enchentes a tem levado algumas vezes o rio e se chama o sítio dela os Saltos». O pároco de Rebordões, José Gomes de Sousa, bacharel em Cânones pela Universidade de Coimbra, nas resposta ao mesmo inquérito, refere a existência na freguesia de «uma ponte de pau por nome a pinguela de grande frequência e mais seria se fosse segura». Os dois padres falavam certamente da mesma ponte, que ligava Sanfins a Rebordões, mas davam-lhe nomes diferentes. Onde ficava essa ponte? Não encontrei nada escrito sobre este assunto para além do que já ficou dito atrás, mas observando os possíveis locais onde pode ter existido, estou convencido que seria um pouco acima do local onde mais tarde foi construída a ponte de Caniços, onde é sabido que havia uns moinhos tanto do lado de Rebordões como do lado de Bairro. Ainda existe do lado de Rebordões uma rampa que conduzia aos moinhos e julgo que dava igualmente acesso à ponte, que o pároco de Rebordões depreciativamente chama pinguela. Do lado de Bairro também existe uma rampa que daria igualmente acesso à ponte e aos moinhos, mas essa rampa deve ter sido muito alterada para dar lugar a uma rua de acesso à central eléctrica que se construiu no local no século XX. A partir da ponte, a chamada estrada real seguia em direcção à quinta de Pereira pelo local onde foi construída recentemente a nova estação de Caniços e depois cortava à direita pela rua agora chamada de Zeca Afonso, rua de D. Maria II e Travessa das Rampas. (5)
Na designação da referida ponte nenhum dos párocos usa o topónimo Caniços. O de Sanfins chama ao lugar os Saltos, o que não deixa de ser interessante, se tivermos em conta que, não muito longe, na freguesia de Sequeirô, há um lugar chamado Monte dos Saltos, (6) que fica igualmente nas margens do rio Ave. Contrariamente ao que tal designação possa sugerir, não se trata de uma grande elevação de terreno. A palavra monte na designação do lugar parece significar antes que se trata de uma área florestal. Como essa área florestal se estendia de Sequeirô a Sanfins, é provável que seja essa a razão por que o lugar da ponte em Sanfins era chamado dos Saltos.
O pároco de Rebordões diz que se trata de uma pinguela de madeira pouco segura, sugerindo que as pessoas tinham receio de passar nela pela falta de segurança. Apesar disso, essa ponte fazia parte da chamada estrada real que seguia para Guimarães e Póvoa de Lanhoso.(7) A lenda de que uma rainha passou por aqui e que estaria na origem do lugar passar a chamar-se Caniços, terá ocorrido no cenário desta velha ponte, que não se sabe há quanto tempo existia, mas certamente era muito antiga. Esta lenda, como outras lendas, deve ter algo de verdadeiro, mas seguramente que não é daí que vem a origem do topónimo Caniços.
Como já expliquei noutro local, havia no rio Ave muitas pesqueiras, algumas das quais existiam desde tempos muito remotos. Nas inquirições de 1220 e 1258 são referidas três pesqueiras em Rebordões, uma das quais chamada Canizo, (8) que julgo que ficava situada um pouco abaixo da actual ponte de Caniços. É daí que vem o nome do lugar e não do dito de uma qualquer lendária rainha.
Aliás, num livro de registos da freguesia de Sanfins encontramos o assento de dois óbitos que respeitam ao afogamento de duas pessoas, mãe e filha, em 1759, «no sítio chamado dos Canissos do rio Ave (sic) no limite desta freguesia de Santo Estêvão Fins de Riba de Ave». Trata-se de Custódia, solteira, e de uma menina de 6 para 7 anos, ambas naturais da freguesia do Salvador de Monte Córdova. Afogaram-se quando atravessavam o rio por uns penedos no dito lugar no dia 16 de Setembro daquele ano. Foram enterradas dentro da igreja de Sanfins dois dias depois. Este registo vem corroborar o que ficou dito atrás: o topónimo Caniços já existia antes da construção da ponte e até esclarece sobre a sua localização: era no limite da freguesia.
Como essa ponte de madeira era pouco segura e fazia parte de uma estrada de alguma importância, impunha-se a sua substituição por outra melhor, à semelhança do que tinha acontecido antes nesta mesma estrada com a ponte de Santa Ana, a que alguns memorialistas se referem como Ponte Nova, entre S. Mateus de Oliveira e Riba de Ave, inaugurada em 1702. (9) Mas, entre Sanfins e Rebordões, só em 1780 foi inaugurada uma nova ponte para substituir a ponte dos Saltos, um pouco abaixo da anterior, conhecida como ponte de Caniços.Trata-se de uma ponte em granito com três arcos desiguais. Os arcos são bem talhados, de volta inteira, excepto o do lado Sul que é quebrado. É uma ponte de muito bom aparelho e actualmente em bom estado de conservação, apesar de ter já parte das guardas em cimento. Numa pedra da guarda do lado norte tinha inscrita a data da sua construção: MDCCLXXX. Essa pedra caiu ao rio talvez devido ao toque de algum veículo pesado e nunca mais a tiraram de lá para ser colocada no seu lugar.
Quanto à Pinguela de Romão, nas Memórias Paroquiais de 1758, nem o pároco de Sanfins, nem o de Bairro, nem o de S. Lourenço de Romão se referem a essa ponte, o que não quer dizer que não existisse, tomando em conta o que ficou dito acima pelo pároco de Abade de Vermoim. Era certamente uma pinguela muito rudimentar, muito pouco segura, pouco movimentada, que não merecia ser mencionada. Quanto à localização da mesma, não há qualquer informação, mas, um pouco abaixo da actual ponte, havia uma rampa ladeada por um muro, que devia conduzir à tal pinguela. Esse muro já não existe. Deve ter sido destruído na altura em que no local se realizaram importantes obras e foram colocadas condutas de saneamento na década de 90 do século passado. Na altura em que a travessia do Ave se fazia por essa antiga pinguela quem lá passava seguia em frente por uns carreiros que conduziam até à igreja e ao cruzeiro de Romão. A igreja foi demolida, mas o cruzeiro lá está, ainda que deslocado do local originário. Mesmo depois de haver uma estrada a ligar à ponte, quem vinha a pé seguia muitas vezes por esses carreiros em vez de usar a estrada por ser um caminho mais curto. Eu próprio o fiz muitas vezes.
Há notícia de que no século XVIII já havia uma ponte de madeira julgo que no mesmo local da actual, embora não se saiba a data exacta da sua construção. Deve ser dessa mesma altura a construção da estrada que fazia a ligação até à igreja de S. Lourenço. (10) Mas era ainda uma ponte pouco segura, sem perder o epíteto de pinguela. A minha avó, que ainda a conheceu, não gostava de passar lá.
Já no século XX, essa ponte de madeira foi substituída por outra em três vãos que iam diminuindo de sul para norte. Entre o primeiro e o segundo e entre este e o terceiro, havia, do lado de montante, dois talhamares constituídos por prismas triangulares assentes na rocha. O tabuleiro era em betão armado. Quando havia cheias no rio, o nível da água quase atingia o tabuleiro e, em algumas ocasiões, chegou a passar por cima dele do lado norte em que era mais baixo. Em tais ocasiões, era assustador passar na ponte, embora ela sempre tivesse resistido bem ao ímpeto furioso da corrente.
Era, no entanto, demasiado estreita e, com o aumento do tráfego que se foi intensificando com o decorrer dos anos, passou a não servir convenientemente as populações, pelo que foi substituída em 1995 por uma nova ponte em betão armado, mais alta e mais larga. O projecto inicial previa que fosse ainda mais alta para permitir a construção de um troço de ligação mais curto, aproximadamente pelo percurso dos carreiros que mencionei atrás, eliminando dessa forma as curvas pronunciadas que tem. Por razões que desconheço, o projecto foi depois alterado.
Para montante da Pinguela de Romão a primeira ponte que havia era a de Santa Ana já atrás referida, o que não quer dizer que pelo meio não houvesse onde passar entre Bairro e S. Miguel das Aves. Nas Memórias Paroquiais de 1758 as respostas dos párocos de Bairro e de Sanfins esclarecem bem este ponto. Curiosamente o pároco de S. Miguel das Aves não fala disto, embora mencione as diversas pontes de alvenaria dos rios Ave e Vizela (11). O de Bairro diz: «no distrito desta freguesia tem somente uma barca que serve para passar gente e toda a casta de animais». O de Sanfins diz que «há também neste rio umas poucas de barcas de passagem como são a barca da Trofa, a de Santo Tirso, que é dos religiosos beneditinos, a do Nuno que é dum Manuel Francisco da freguesia de S. Miguel das Aves muito antiga e lhe pagam por avença ou sem ela os que querem passar». Julgo que o Nuno talvez tenha sido o primeiro barqueiro que se estabeleceu no lugar e daí a barca ser referida pelo seu nome, mesmo depois de lhe terem sucedido outros no desempenho das mesmas funções. Onde, em que local operava esta barca? Em S. Miguel das Aves havia e ainda há um lugar chamado Barca. Julgo que o nome do lugar lhe advém de ser a partir dele que operava a famosa barca do Nuno. Por isso, é lógico pensar que operava em frente desse lugar, que fica para lá de Vila Verde. Dirão alguns que para lá de Vila Verde já não é Bairro, mas isso não é verdade. O cura de Bairro, padre Custódio Rodrigues, natural da freguesia, que foi quem respondeu ao inquérito que venho citando devido a doença do abade, que era o doutor José Ferreira Rosa, diz que «o distrito desta freguesia compreende parte do monte de Cerqueda». Aquilo a que chama monte da Cerqueda é a área florestal que começa logo a seguir a Vila Verde. Havia um penedo com uma «cruz feita a picão» junto ao rio Ave na dita bouça da Cerqueda «e dali correndo pelo monte acima» como refere o tombo da freguesia de Delães de 1592, que faz a delimitação desta freguesia com a de Bairro. Julgo que seria nesse lugar, entre a quinta de Vila Verde e a linha que partia do dito penedo para Norte, que era da freguesia de Bairro, que as pessoas tomariam a barca para passarem para a outra margem. Se consultarmos o tombo atrás referido, verificamos que os limites e demarcações entre Delães e Bairro não são respeitados na actualidade em vários pontos, sempre com prejuízo para a freguesia de Bairro.
Notas:
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- Os marcos miliários eram colocados ao longo das estradas do Império Romano, em intervalos de cerca de 1480 metros (mil passos ou milha). Aqui passo não significa a distância entre um e outro pé quando se caminha, cerca de 2,5 pés, mas sim uma medida de comprimento no tempo da dominação romana e equivalente a 5 pés, ou seja, uma milha correspondia a 5 mil pés. Por sua vez a légua era outra medida de comprimento usada e que correspondia a 3 milhas. Ainda hoje continua a ser usada a milha como medida de comprimento no Reino Unido e nos Estados Unidos da América, correspondendo a 1609,344 metros. No mar usa-se como medida a milha náutica, a que corresponde o comprimento de 1852 metros e representa 1 minuto de grande círculo (meridiano ou equador), pelo que 1 grau seria equivalente a 60 milhas ou 111120 metros, pelo que um círculo máximo completo, como um meridiano, mediria 111,12 km x 360 = 40003,2 km. Quando foi criado o sistema métrico, o metro, unidade de medida de comprimento, era definido como a décima milionésima parte da distância do equador ao polo norte ou de um quarto da medida de um meridiano terrestre, o que significava que se considerava que um meridiano media 40 mil km de comprimento, o que se verificou mais tarde que estava errado. Por isso, foi necessário definir o metro de uma outra forma, considerando-o como o espaço linear percorrido pela luz no vácuo durante o intervalo de tempo de 1/299792458 de segundo.
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- No itinerário de Bracara Augusta a Olissipo, a travessia do rio Douro fazia-se de barca junto a Cale, que alguns identificam com o Porto, mas há quem afirme que Cale ficava na margem oposta do rio, hoje Vila Nova de Gaia. A palavra porto tem o significado de local onde os navios podem carregar ou descarregar ou achar abrigo, mas em português arcaico também significava local de atravessamento de um rio a vau ou por barca.
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- O sítio da Torre do Tombo para pesquisas sobre as Memórias Paroquiais é https://digitarq.arquivos.pt/detailsid=4238720.
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- Em 1758, segundo os memorialistas, havia as seguintes pontes de alvenaria no rio Ave: Domingos Terres (na estrada de Braga para Basto), S. Bento de Donim (na estrada da Póvoa de Lanhoso para Guimarães), S. João (na estrada de Braga para Guimarães), Servas (na estrada de Guimarães para Vila do Conde), Santa Ana (na estrada para a Póvoa de Lanhoso, entre S. Mateus de Oliveira e Riba de Ave), Lagoncinha (na estrada de Braga para o Porto) e Ponte de Ave ou de D. Zameiro (na estrada de Barcelos para o Porto).
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- A estrada real depois da Travessa das Rampas seguia pelo mesmo traçado da estrada actual até à chamada rua Irmãos Sampaio, por onde seguia até Vila Verde e rua do Caminho Real.
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- Monte dos Saltos fica situado junto do rio Ave e da linha do caminho de ferro de Guimarães. Neste lugar comprovou-se a presença romana através de inúmeros achados cerâmicos, sepulturas, moedas, vidros, metais e muros de aparelho tosco. Entre os achados cerâmicos, foram encontradas siligatas, lucernas, ânforas, peças de jogo e faianças… Perto, em Portos, freguesia da Lama, fica o Penedo da Moira assente sobre outros dois calhaus, formando uma espécie de gruta. Segundo a lenda, os mouros passavam por este local para levarem os cavalos a beber ao rio Ave e também se dizia que todas as noites se via uma formosíssima moira no alto desse penedo. Em Portos também havia uma barca para atravessar o rio.
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- A estrada real deu lugar à estrada nacional EN 310 da Póvoa de Lanhoso a Rebordões, com o seguinte percurso: Póvoa de Lanhoso - Taipas - Sande - Pevidém - Riba de Ave - Delães - Bairro - estação de Caniços - Rebordões (EN 105)
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- A palavra Canizo, que deve estar na origem do topónimo Caniços, pode estar relacionada com o tipo de vegetação existente no lugar ou, sendo o local de uma pesqueira, pode referir-se a instrumentos utilizados na pesca. É que caniço tem o significado de cana delgada; cana fina e flexível, usada na pesca; sebe feita de canas (caniçada); gradeado de vime, que se coloca nos lados dos carros de bois para amparar a carga (caniças); cesto de verga ou ripas entrançadas, usado para apanhar peixe; local onde se guardam as espigas (espigueiro no Minho).
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- A estrada real que passava na ponte dos Saltos e, mais tarde, a partir de 1780, na ponte de Caniços, ligava a Guimarães e à Póvoa de Lanhoso. Essa estrada real deu lugar à estrada nacional N-310, mencionada no primeiro plano rodoviário nacional de 1945. Passava igualmente na ponte de Santa Ana, entre S. Mateus de Oliveira e Riba de Ave, e foi mandada construir em 1702, no reinado de D. Pedro II. Num cruzeiro que fica próximo diz: «Esta ponte mandou fazer António Vaz Vieira, fidalgo da casa de Sua Majestade, a qual lhe mandou pagar El-rei, no ano de 1702».
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- As freguesias de S. Lourenço de Romão e de Santo André de Sobrado foram anexadas a S. Miguel das Aves no século XIX. A freguesia de S. Lourenço de Romão tinha em 1758 «somente 16 fogos e 46 habitantes de sacramento».
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- O pároco de S. Miguel das Aves nas respostas ao inquérito de 1758 indica as pontes de alvenaria do rio Vizela, como a de Negrelos e a de S. Tomé, «que é nesta freguesia» e também diz que «nesta freguesia se descobrem os alicerces de uma ponte de cantaria, que mostram muita antiguidade; não há memória de sua ruína». Há ainda na freguesia de S. Miguel das Aves um topónimo muito curioso: Poldrães. Sabendo-se que poldra ou alpondra é cada uma das pedras de uma pequena ponte sobre o leito de um rio ou ribeiro, somos levados a pensar que no local, em tempos recuados, terá existido uma ponte desse tipo sobre o rio Vizela. Em Chaves existe uma ponte dessas ainda em bom estado de conservação sobre o rio Tâmega.