Pe. Joaquim Azevedo Mendes de Carvalho

     Nasceu a 19.07.1930, foi ordenado sacerdote a 05.07.1953 e faleceu a 07.10.2012. Foi ao longo da sua vida pároco de várias freguesias. Em 1954 foi nomeado pároco de Padim da Graça, arciprestado de Braga, onde permaneceu 34 anos. De 1998 a 2000 foi vigário paroquial de Delães. De Março de 2002 até 2005 foi vigário paroquial de Bairro e depois pároco da mesma freguesia.Também exerceu a actividade de professor de Educação Musical no ensino oficial público, pela qual viria a aposentar-se. Era natural de S. Miguel das Aves, agora chamada Vila das Aves, filho de Luís Gonzaga Mendes de Carvalho e de sua mulher Balbina Carvalho de Azevedo. Pela parte paterna era descendente de galegos, Andrades e Muinhos (sic).


     Era neto de José António de Muinhos ou José António Carvalho, como constava da sua cédula, moleiro e lavrador, da freguesia de Santo Estêvão Fins de Riba de Ave, ou abreviadamente Sanfins, agora integrada em Bairro, e de Ana da Silva Mendes, de Romão, S. Miguel das Aves, e bisneto de António José Muinhos e de Maria Teresa Andrade, lavradores, moradores no lugar das Azenhas, freguesia de Sanfins, que casaram em 24.06.1849.


     No que respeita aos Andrades, o padre Mendes de Carvalho era trineto de António Rodrigues de Andrade e de sua mulher, Maria Josefa Pereira, ele natural de Areias, Santo Tirso, e moradores em Sanfins, tetraneto de Francisco Rodrigues, de Areias, e de sua mulher, Maria de Andrade, natural de S. Miguel do Couto, ambos moradores no lugar de Quintela, Areias.


     Poderíamos continuar e chegaríamos ao padre Amador Ribeiro de Andrade, seu décimo avô, que deve ter nascido cerca de 1540. Este licenciado em Cânones pela Universidade de Coimbra, foi pároco de Santo Tirso desde pelo menos 1579. Não pertencia à ordem dos beneditinos e, enquanto foi pároco de Santo Tirso, tomou muitas decisões que desagradaram aos monges do mosteiro, com os quais esteve em permanente conflito e que conseguiram impontá-lo em 1596. Depois ainda foi colocado em Ermesinde, na altura chamada S. Lourenço de Asmes, onde permaneceu até 1602, ano da sua morte. Sabe-se que era filho de uma mulher solteira, Catarina Pires, mas não há certeza da identidade do pai, embora se diga que pode ser filho de Amador Lourenço Ribeiro, que foi senhor da quinta de Beleique, em Guimarei, Santo Tirso. Como o padre Amador Ribeiro também usava o apelido Andrade, é de presumir que teria antepassados desse apelido, não em Santo Tirso em que esse apelido ainda não existia, mas talvez em Guimarães, onde vivia um Lourenço de Andrade, que pode ser seu antepassado, talvez seu avô. Como se sabe, os Andrades são originários da Galiza, de Pontedeume, perto de Ferrol. Vieram para Portugal no século XIV.


     No que toca aos Muinhos, era trineto de Francisco Manuel de Muinhos e de sua mulher Ana Maria de Araújo, ambos naturais de Sanfins, tetraneto de João Manuel Félix de Muinhos, natural da Carreira e de Teresa Maria Carvalho, de Sanfins, que casaram na Carreira em 1767, quinto neto de Moneo (ou Alonço) de Muinhos e de sua mulher Maria Gonçalves, naturais de Santa Eulália de Caldellas, termo de ponte de Bedra, que presumo ser Pontevedra, embora outros registos apontem para Santa Eulália de Bóveda, no termo do Lugo, Galiza.


     Na Galiza havia uma longa tradição de emigração, principalmente dos homens, que vinha do tempo das descobertas do século XVI. Da Galiza, emigrava-se para Portugal, mas principalmente para as Américas. Disso fala Rosalia de Castro nos seus poemas.

 

Éste vaise y aquél vaise,
E todos, todos se van;
Galicia, sin homes quedas
que te poidan traballar.
Tés, en cambio, orfos e orfas
e campos de soledad,
e nais que non teñem fillos
e fillos que non tên pais.
E tés corazons que sufren
longas ausencias mortás,
viudas de vivos e mortos
que ninguén consolará.

 

     Rosalia de Castro falava de viúvas de vivos, porque os homens que emigravam, deixavam as mulheres com os filhos para criar e, geralmente, não voltavam.