O foral de 1514

     Em «Portugal Antigo e Moderno», Pinho Leal afirma que foi concedido foral à freguesia de Bairro por D. Manuel I, em Lisboa, a 5 de Abril de 1514. Isso é verdade, mas trata-se de uma outra freguesia de Bairro, visto que está registado no Livro de Foraes Novos da Estremadura, f. 78 col. 2. Ainda há mais dois registos relativos a Bairro estes no Livro de Foraes do Minho, respeitantes a Aguiar de Sousa, f.115, e a Roças, f. 124.       

     No mesmo ano de 1514, a 6 de Abril, D. Manuel I concedeu foral a Oliveira do Bairro, sendo nessa altura elevada à categoria de vila. Muitas outras localidades em que na sua designação entra a palavra Bairro obtiveram igualmente foral de D. Manuel I. Talvez resulte daí o erro em que aquele autor incorreu.   

     Quem tiver dúvidas sobre este tema, poderá consultar o livro «Memória para servir de índice dos forais», de Francisco Nunes Franklin, cuja consulta pode ser feita no site da Torre do Tombo. 

     A afirmação de Pinho Leal resulta obviamente de alguma confusão em que aquele autor incorria com frequência. Neste mesmo site, no artigo intitulado «uma explosão em Sanfins», já dei conta de um outro erro. Podia indicar mais. Este mesmo autor também afirma na obra acima citada que o Solar da Quinta de Pereira ficava situado em S. Pedro de Riba de Ave, quando todos os outros autores credenciados o colocam em Sanfins de Riba de Ave. O facto de ambas as freguesias ficarem na ribeira do Ave e terem essa indicação sob a forma de «Riba de Ave» na designação de cada uma delas, induziu-o em erro. Nada de muito grave.

     No que diz respeito ao foral de 1514 aconteceu algo de semelhante.  Bairro não beneficiou da atribuição de nenhum foral e a freguesia sempre esteve integrada no Julgado de Vermoim enquanto este existiu e depois passou a fazer parte do concelho de Vila Nova de Famalicão, a partir de 1835 quando este foi criado, sem qualquer regalia para os seus moradores. 

     Não vale a pena alardear galões que não se tem nem nunca teve. Exagerado e desmedido bairrismo tem levado muitas pessoas a publicarem na internet e noutros lugares muita informação sobre a terra em que nasceram ou cresceram tão fantasiosa e tão falsa como as notas que o cego de Landim do Camilo pôs a circular. É preciso estarmos precavidos para não sermos ludibriados.