Os Andrades   

por Daniel Ribeiro da Costa Pereira

   É sabido que Andrade é o apelido de uma família galega e que faz parte da onomástica da língua portuguesa a partir do século XIV. A sua origem remonta ao reino da Galiza, numa família cujo solar - na freguesia de Andrade - fica no actual município de Pontedeume, (1)  perto de Ferrol, de cujas vilas (2) o rei Henrique II fez doação a Fernão Peres de Andrade, descendente de Bermudo Peres de Traba Freire de Andrade, que provinha dos antigos condes de Traba e Trastâmara. Esta família chegou a dominar as terras de Ferrol, Pontedeume, Betanzos e Vilalba e dela fizeram parte alguns personagens importantes da história da Galiza como Fernán Pérez de Andrade, o Bom, e Nuno Freire de Andrade, o Mau. 

   Os principais ramos portugueses provêm de Rui Freire de Andrade (3), que terá vindo da Galiza para Portugal com o seu filho, D. Nuno Rodrigues Freire de Andrade, que foi mais tarde mestre da Ordem Militar de Cristo, herdeira da antiga Ordem dos Templários, primeiro sediada em Castro Marim e depois em Tomar. Genealogias tardias apontam ainda um outro filho que terá vindo para Portugal, Vasco Freire, que foi alcaide-mor de Abrantes. (4)

   Daí para cá, muitos descendentes se destacaram pelos feitos importantes que lhes são atribuídos, como é o caso de João Fernandes de Andrade, filho de Fernão Dias de Andrade e de D. Beatriz da Maia, que serviu os reis D. Afonso V e D. João II nas tomadas de Arzila e Tânger. 

   O primeiro Andrade que residiu na região do vale do Ave terá sido Lourenço Afonso de Andrade, filho de Rui Freire de Andrade (5) e Leonor Vaz de Novais. Foi mestre-escola da Colegiada de Guimarães e capelão-mor do Duque de Bragança. Segundo Abranches de Soveral, terá nascido em 1420 e faleceu depois de 1 de Novembro de 1483, em Guimarães. Teve um relacionamento com Margarida Álvares, de quem terá tido um filho, de nome Lourenço, cerca de 1476. A 24.09.1475 D. Afonso V privilegiou-o por 12 anos, concedendo-lhe licença para ter manceba, teúda e manteúda. No dia seguinte, privilegiou a sua criada Margarida Álvares, isentando o homem que com ela casar dos encargos, serviços, ofícios e do pagamento de diversos impostos ao concelho, de ir com presos e dinheiros, de ter tutor e curador, de ser acontiado, de comparecer em alardo, de ter besta de sela ou de albarda, bem como do direito de pousada. A 01.11.1483 D. João II deu carta de aposentadoria, com todas as licenças e isenções, a Lourenço Afonso de Andrade. 

     Lourenço de Andrade, filho de Lourenço Afonso de Andrade e Margarida Álvares, casou com Maria de Sousa  e tiveram: Fernão Lourenço de Andrade, Baltazar de Andrade (6), Torcato de Andrade, Leonor de Andrade e Joana de Andrade. Felgueiras Gaio, em «Nobiliário de famílias de Portugal», refere-se a um Lourenço de Andrade que casou com Maria de Sousa, mas parece não ter razão ao indicar Maria Freire de Andrade (7) como sua mãe.

     Lourenço Afonso de Andrade e seu filho Lourenço de Andrade, terão sido os primeiros de apelido Andrade a fixar-se nesta região do país, e, provavelmente, deles provêm grande parte dos Andrades que aqui nasceram. Felgueiras Gaio ou Alão de Morais indicam alguns que residiram em Guimarães, Barcelos e outras localidades próximas. São referidos clérigos, autarcas, militares ou professores.

   Contudo, é difícil estabelecer todos os elos da cadeia genealógica desde a época em que viveu Lourenço Afonso de Andrade até aos nossos dias, visto que os registos paroquiais de baptismos, casamentos e óbitos só começaram a fazer-se mais de um século depois da sua vinda para esta região. Apesar disso, alguns registos de arquivos conventuais ou familiares, documentos da chancelaria régia e de cartórios notariais, como testamentos, escrituras de contratos de emprazamento e outros têm permitido suprir algumas lacunas.

   Se nos fixarmos num perímetro de meia dúzia de quilómetros à nossa volta, verificamos que, a partir de finais do século XVI, os registos paroquiais dão notícia do nascimento dos primeiros indivíduos de apelido Andrade nesta região, primeiro em Santo Tirso e depois começam também a surgir nas freguesias vizinhas: Burgães, S. Miguel do Couto, Lama, Areias, Sequeirô, Santa Cristina do Couto... Diz-se que os Andrades de Santo Tirso e dos arredores provêm todos de Amador Ribeiro de Andrade. (8)

   Amador Ribeiro de Andrade, que terá nascido cerca de 1540, foi ordenado em Braga, a 09.03.1555, onde recebeu a «prima tonsura» (9) das mãos de D. Francisco da Conceição e foi diaconado por D. Frei Bartolomeu dos Mártires a 26.03.1569. Mais tarde tornou-se o primeiro pároco secular (10) de Santo Tirso, onde permaneceu desde, pelo menos, 1579 até finais de 1596. A partir de 06.08.1597, data da cerimónia da sua confirmação, tornou-se abade da freguesia de S. Lourenço de Asmes, agora chamada Ermesinde, onde permaneceu até 1602, ano da sua morte. Faleceu na sua quinta de Gião, situada nas margens do rio Sanguinhedo, em Santo Tirso, em 22.05.1602 e foi sepultado dentro da igreja do mosteiro dessa localidade. Era filho de Catarina Pires e neto de Bastião Pires do Couto, mas ignora-se quem era o pai, embora se apontem algumas hipóteses que, até ao momento, ainda não foi possível confirmar. Foi aluno da Universidade de Coimbra entre 1563 e 1570, data em que saiu licenciado em Cânones. (11) Sabe-se que teve, de uma ou mais mulheres, pelo menos quatro filhos: Isabel, André, Catarina e Amador e que todos os seus filhos deixaram descendência pela qual o apelido Andrade se espalhou nesta região. (12)

   Francisco Carvalho Correia, em «O Mosteiro de Santo Tirso de 978 a 1588...», que constitui a sua tese de doutoramento, a partir de documentos do cartório de Santo Tirso, sugere a «hipótese de relação deste licenciado com o do texto da matrícula de ordens onde se nos fala de um Amador, filho de presbítero e de uma mulher solteira, dispensado por autoridade apostólica e era de Santo Tirso, bispado do Porto». Também há quem coloque a hipótese de ser filho de Pedro Rodrigues de Andrade, comendador de Penamaior, filho de Duarte Rodrigues Malafaia, abade de Penamaior, à data pertencente ao julgado de Refojos de Riba de Ave, hoje do concelho de Paços de Ferreira. Por outro lado, sendo sabido que Amador Ribeiro de Andrade era sobrinho do abade Gaspar Lourenço e que este tinha um irmão de nome Amador Lourenço, há quem pense que haverá uma relação entre Amador Lourenço e Amador Ribeiro de Andrade, tanto mais que Alão de Morais, em «Pedatura Lusitana», refere-se-lhe como Amador Lourenço Ribeiro, que foi senhor da quinta de Beleique, em Guimarei, o que explicaria o facto do vigário de Santo Tirso e depois abade de S. Lourenço de Asmes também ter Ribeiro no seu nome. (13)

   Amador Ribeiro de Andrade, em 1577, mandou construir uma casa solarenga na quinta de Gião em que havia uma pedra de armas colocada na padieira da porta em frente ao eirado, com símbolos dos Lopes e dos Ribeiros, pelo que é de supor que teria antepassados com esses apelidos. Depois da sua morte, em 1602, a casa e a quinta passaram a sua filha Isabel de Andrade e, mais tarde, a sua neta, Margarida de Andrade, mantendo-se depois na posse de descendentes de Amador Ribeiro de Andrade durante muitos anos. No decurso da guerra civil que eclodiu no século XIX entre liberais e absolutistas, um alferes de cavalaria das forças leais a D. Pedro encerrou o Convento de Santo Tirso e ocupou a quinta de Gião para instalar as suas tropas, o que terá motivado a fuga dos proprietários, que ainda seriam descendentes do padre. Quando a guerra terminou com a vitória dos liberais, diz-se que esse alferes se apossou indevidamente desta propriedade, o que estará na origem da lenda do «Espada a Rasto» que se contava no local depois da sua morte. (14)

   Camilo Castelo Branco em «A Brasileira de Prazins» refere-se aos Trepas e aos Andrades como os líderes do partido liberal em Santo Tirso, «uns malhados, (15) cujas cabeças havia de deixar espetadas em pinheiros», como fanfarronava o Gaspar das Lamelas, um correligionário do partido miguelista. Quando os liberais mais tarde chegaram ao poder empreenderam uma ampla reforma administrativa, que levou à supressão de muitas freguesias e concelhos e à criação de outros, como o de Santo Tirso, que resultou da supressão do concelho de Refojos de Riba de Ave. O primeiro presidente da câmara do novo concelho foi Bernardino Luís de Andrade (07.06.1796 - 16.01.1873), descendente do padre Amador Ribeiro de Andrade. 

   José Luís de Andrade (16) (17), nascido a 25.09.1832, em S. Tomé de Negrelos, sobrinho, herdeiro e continuador da obra do Conde de S. Bento (18), também é descendente do padre Amador Ribeiro de Andrade. 

   Também Fernando Andrade Pires de Lima (20.09.1906 - 04.09.1970), natural de Santo Tirso, professor de direito em Coimbra, ministro da educação entre 1947 e 1955, responsável pela expulsão de 26 professores universitários conhecidos pelas suas ideias democráticas, entre os quais Rui Luís Gomes, descendia de Amador Ribeiro de Andrade. Era filho de António Augusto Pires de Lima e de Maria Madalena Coelho de Andrade (07.09.1883 - 07.12.1963), neto pela parte materna de António Augusto Ribeiro de Andrade (19.12.1859) e Eugénia Francisca Coelho.

   Os Andrades de Bairro descendem de André de Andrade e, obviamente, de Amador Ribeiro de Andrade. André de Andrade, que se julga ter nascido em Santo Tirso, filho do padre Amador Ribeiro de Andrade, ainda antes de casar, teve duas filhas, uma Margarida de Andrade, nascida a 07.06.1598, filha de Isabel Agarita, solteira, e uma Maria de Andrade, nascida a 24.11.1602, filha de Maria Fernandes, solteira, do lugar de Vilalba, Santo Tirso. Depois casou pelo menos duas vezes, em Burgães, a primeira com Maria da Costa de quem teve Bento (09.07.1617) (19)  e Bastião (30.01.1620) e a segunda com Luzia Varela, de quem teve Isabel de Andrade e Madalena de Andrade (26.05.1626).

    Quem seguir o rasto dos Andrades de Bairro, com maior ou menor dificuldade, irá de Bairro a Areias, a Burgães e a S. Miguel do Couto e chegará até André de Andrade, um dos quatro filhos conhecidos do padre Amador Ribeiro de Andrade, meu décimo primeiro avô.

    Madalena de Andrade, filha de André de Andrade e de sua mulher Luzia Varela, da aldeia de Carreira Cova, Burgães, casou na igreja desta freguesia, em 07.05.1642, com Pantaleão de Freitas (11.02.1626 - 28.02.1705), nascido no lugar de Santa Cruz, Burgães, ele com 16 anos de idade, ela ainda com 15. Pantaleão de Freitas era filho de João de Freitas (1590-...) e Maria Antónia. Fixaram residência em Burgães no lugar da Enfermaria, onde nasceram os seus filhos, pelo menos onze, que se apontam a seguir com a indicação da data do baptismo ou o ano de nascimento: Domingos (18.05.1645), Maria (12.07.1647), Maria (18.10.1649), Isabel (01.03.1653), Ana (01.11.1655), Catarina (12.01.1658), Ana (18.01.1660), Madalena (18.05.1662), Jerónima (1665), Francisco (1666) e André (1670). Pantaleão de Freitas faleceu a 28.02.1705, com 79 anos de idade e a viúva, faleceu menos de um ano depois, também com 79 anos de idade, pelo que o seu casamento durou 63 anos. Ambos nasceram sob a dinastia filipina, assistiram à Restauração da Independência e à Guerra da Restauração que se seguiu, entre 1640 e 1668.

    Madalena de Andrade, minha oitava avó, nascida 18.05.1862, filha de Pantaleão de Freitas e de sua mulher Madalena de Andrade, todos moradores no lugar da Enfermaria, freguesia de Burgães, casou em 08.02.1688 com Frutuoso Gil, filho de António Gil (25.05.1663 - ...), já defunto, de Burgães, e Catarina (...), solteira, de Monte Córdova. Para além de Maria nascida a 06.07.1689, o casal teve Manuel (1692), Domingas (1694), Luís (1697) e Madalena (1702).

    Maria de Andrade, nascida em 06.07.1689, filha de Frutuoso Gil, nascido em1651, natural de Monte Córdova, e de sua mulher Madalena de Andrade (20), da aldeia da Enfermaria, Burgães, casou na igreja desta freguesia com Manuel Francisco, filho de Manuel Francisco, natural de Infantas, Guimarães, e de sua mulher Domingas Francisca, da aldeia de Pereira, S. Miguel do Couto. O casal fixou residência no lugar de Pereira, S. Miguel do Couto. Nos livros dos assentos paroquiais desta freguesia encontram-se registos dos baptismos de seis dos seus filhos: Manuel (16.06.1721), José (1722), Joana (1725), António (21.05.1727), Rosendo (15.06.1730) e Maria (16.10.1732). Sabe-se ainda da existência de uma outra filha, Catarina, cujo nome consta de um rol de crismados de 1748.

    Manuel Francisco (1721 - 1793), filho de Manuel Francisco e Maria de Andrade, todos do lugar de Pereira, S. Miguel do Couto, casou em segundas núpcias (21) com Custódia Francisca, filha de Ventura Ferreira e de sua mulher Catarina Francisca, do lugar do Outeiro, da freguesia de Santa Cristina do Couto. Deste segundo casamento de Manuel Francisco houve pelo menos cinco filhos: Josefa, nascida a 22.02.1750, Maria, nascida a 29.04.1752, José Francisco, Antónia e António, nascido a 30.04.1761. Custódia Francisca faleceu a 25.11.1792 e Manuel Francisco a 18.02.1793.

   Maria de Andrade, nascida em 1752, filha de Manuel Francisco e Custódia Francisca, tomou o apelido da sua avó do lado paterno, também ela com o mesmo nome de Maria de Andrade. Casou a 29.05.1773, na igreja de S. Miguel do Couto, com Francisco José Rodrigues, filho de Pedro Rodrigues de Carvalho, nascido em 1724, e de sua mulher Antónia Francisca, ambos naturais de Bente, moradores no lugar de Fontela, da freguesia de Areias. O casal fixou residência nesta última freguesia, no lugar de Fontela, onde nasceram os seus filhos: Joana (10.07.1773), Manuel (27.02.1775), José (19.09.1776),Teresa Maria (02.09.1779), António (08.05.1783), Manuel (02.12.1786), Josefa (08.08.1789), Rodrigo (16.09.1792) e Bernardina (24.02.1795).

   Rodrigo Rodrigues de Andrade, ou apenas Rodrigo de Andrade como é referido em alguns registos, filho de Francisco José Rodrigues e de Maria de Andrade, de Areias,  casou com Rosa Maria Carneiro, filha de José Carneiro e Maria Joana, todos de Sanfins de Riba de Ave, a 09.11.1811. Residiram no lugar dos Lameiros da dita freguesia, onde nasceu a filha de ambos, Ana Joaquina, em 1812. Mais tarde passaram a residir na Lama, onde nasceu pelo menos mais uma filha: Luísa de Andrade.

   António Rodrigues de Andrade, tamanqueiro, meu tetravô, filho de Francisco Rodrigues, natural do lugar de Fontela, Areias, e de Maria de Andrade, natural do lugar de Pereira, S. Miguel do Couto, casou com Maria Josefa Pereira, natural de Sequeirô. Residiram nos lugares do Paraíso e Lagoa da freguesia de Sanfins de Riba de Ave, onde lhe nasceram os filhos: Manuel (1807), José (1809), Ana (1812), Bernardina (1814), Maria Teresa (1816) (22) , Bernardina (1819), Domingos (1822), Joaquina (1824), Francisco (1827), Bernardino (1830), alguns dos quais terão emigrado para o Brasil. Faleceu no lugar do Monte da dita freguesia em 10.10.1864, com 81 anos de idade, embora o registo do seu óbito indique apenas 74.

   Domingos Rodrigues de Andrade, meu trisavô, nasceu a 18.03.1822 e no dia seguinte foi baptizado pelo pe. Francisco José Machado. Era filho de António Rodrigues de Andrade e de Maria Josefa Pereira, do lugar de Lagoa, da freguesia de Sanfins de Riba de Ave, neto pela parte paterna de Francisco Rodrigues e de Maria de Andrade, moradores em Areias, e pela parte materna de Frutuoso de Carvalho e de Ana Maria Pereira, moradores em Sequeirô. Casou com Felicidade Pereira de Azevedo, filha de João Pereira de Azevedo, natural de Bente, e de Teresa Maria Pereira de Sampaio, natural de Sequeirô. Deste casamento, houve pelo menos dois filhos: António (1850) e Maria (1854). (23)

    António Rodrigues de Andrade, meu bisavô, nasceu, no lugar do Monte, da freguesia de Sanfins de Riba de Ave, a 10 de Junho de 1850. No mesmo dia foi baptizado por Maria do Rosário, que presumo ter sido a parteira, em razão de se recear que expirasse devido a dificuldades do parto e no dia seguinte,11 de Junho, foi levado à igreja para lhe serem impostos os óleos rituais e para as demais solenidades. Foram padrinhos o avô paterno, António Rodrigues de Andrade, e a avó materna, Teresa Maria Pereira de Sampaio. Era filho de Domingos Rodrigues de Andrade e de Felicidade Pereira de Azevedo. Casou com Felicidade Martins Vilasboas, filha de Manuel Álvares Martins Vilasboas, lavrador, e de Rita Angélica Carneiro, moradores no lugar do Olival, neta pela parte paterna de Manuel Álvares Ferreira Vilasboas, lavrador, natural do Louro, e de Maria Martins, de S. Miguel das Aves, moradores no lugar do Olival, e pela parte materna de José Carneiro de Freitas, natural de Sanfins, e de Ana Joaquina de Carvalho, natural de Sequeirô. Deste casamento houve muitos filhos: Domingos (1886), Manuel (1889), Manuel (1890), Maria (1892), José (1894), Rosa (1897), Deolinda (1898), António (1900), Olívia (1901), David (1904), Álvaro (1907) e Basílio (1909). (24)

    Maria de Andrade, filha de Domingos Rodrigues de Andrade e Felicidade Pereira de Azevedo, natural de Sanfins de Riba de Ave, casou com Manuel José Correia, proprietário, natural de S. Simão de Novais. Fixaram residência nesta última freguesia. Filhos: Laura (1889), Maria (1890) e Rosa (1892). 

 

  Notas:

    (1) - A localidade deve o seu nome à ponte de pedra sobre o rio Eume. A que actualmente existe, não sendo a original, parece não ser muito diferente da que existia antes. Para obter mais informação sobre este assunto consulte o site seguinte: www.pontedeumeturismo.es.

    (2) - Aqui com o sentido de herdade, casal ou granja.

    (3) - Este Rui Freire de Andrade (c. 1295 - 1370), que casou com Inês Gonçalves de Sotomaior, era filho de João Freire de Andrade (c. 1250), neto de Nuno Perez de Andrade e de Maria de Ulloa, bisneto de Pedro Bermudes Freire de Andrade e de Constanza de Moscoso, trineto de Nuno Bermudes Freire de Andrade e tetraneto de Bermudo Freire de Andrade.

    (4) - Há quem duvide que este Vasco Freire seja filho de Rui Freire de Andrade e irmão do mestre da Ordem de Cristo.

    (5) - Este Rui Freire de Andrade (1383 - 1433) era filho de Rodrigo Afonso de Andrade e de Mécia da Fonseca, neto de Pedro Fernandes de Andrade e de Mécia Meira, bisneto de João Freire de Andrade (c. de 1320) e de Maria Afonso e trineto de outro Rui Freire de Andrade (c.1295 - 1370) e de Inês Gonçalves de Sotomaior. Casou em Montemor-o-Velho com Leonor Vaz de Novais.

    (6) - Baltazar de Andrade, mestre-escola da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, foi o fundador do Convento de Santa Clara, em Guimarães, no edifício em que hoje está instalada a Câmara Municipal. A primeira pedra terá sido lançada em 8 de Maio de 1549, segundo alguns autores, e em 29 de Setembro de 1559, segundo outros. A bula que autorizou a fundação do convento foi expedida em Roma a 15 de Outubro de 1559.

    Baltazar de Andrade pretendia que as suas três filhas, que estavam no convento de Santa Clara de Amarante, Helena, Joana e Francisca mudassem para este, ficando a primeira como abadessa perpétua, a segunda prioreza e a honra de abadessa fosse herdada pela irmã seguinte em caso de morte da mais velha e falecendo todas o cargo passasse a trienal. Baltazar seria o padroeiro e por sua morte suceder-lhe-iam os filhos, sendo o primeiro Francisco, tesoureiro da Colegiada e, finalmente Isidoro que falecendo transmitiria à sua geração.

    (7) - Maria Freire de Andrade casou com João Banha. Era filha de Nuno Freire de Andrade e de Genebra Ribeiro e neta de D. Nuno Rodrigues Freire de Andrade e de Clara Martins.

    (8) - Há algum exagero nesta afirmação, visto que a partir do século XVII poderão ter vindo para esta região pessoas de apelido Andrade oriundas doutras paragens, que não descendam de Amador Ribeiro de Andrade, ainda que com ele aparentadas.

    (9) - A prima tonsura daqueles que pretendiam seguir a carreira eclesiástica tinha lugar aos 15 anos de idade ou um pouco menos, dependendo dos bispados, e consistia no corte rente do cabelo, geralmente em forma redonda, usado outrora pelos clérigos e alguns religiosos em sinal da sua consagração a Deus, e conhecido vulgarmente pelo nome de coroa. Tonsura ou prima tonsura também designava o rito com que o bispo ou outro prelado introduzia algum fiel no estado clerical, e que consistia no corte simbólico dos cabelos e na imposição da sobrepeliz, acompanhada de orações apropriadas e explicação do significado deste acto: «mostrar que se renuncia às vaidades mundanas e para maior semelhança com Cristo coroado de espinhos». No decurso do tempo a tonsura fez-se de modos diferentes, mas prevaleceu o uso de rapar a parte superior da cabeça, de modo que o cabelo apenas crescesse numa espécie de anel que se suponha imitar a coroa de espinhos de Cristo.

     (10) - Não era beneditino nem pertencia a qualquer outra ordem religiosa.     

     (11) - Nos verbetes do Arquivo da Universidade de Coimbra há um único Amador Ribeiro, natural de Santo Tirso, que frequentou o curso de Cânones entre 06.10.1563 e 14.07.1570, data em que se licenciou. Segundo informação do mesmo Arquivo, não consta do processo individual deste aluno qualquer documento com referência à sua filiação.

     (12) - Isabel de Andrade casou a 24.11.1603, em Santo Tirso, com Alexandre Jácome, tabelião. Filhos: Margarida (22.04.1605), que foi senhora da quinta de Gião, Maria (30.11.1606), Bartolomeu (01.09.1608), Mónica (15.06.1611), Madalena (22.07.1613) e Bento (13.10.1615).

     Catarina de Andrade casou com Gaspar Gonçalves, em Santo Tirso, em 06.11.1607. Tiveram pelo menos os filhos seguintes: Maria de Andrade, Domingas (1613), Isabel (1614), Catarina (1616), José (1618) e Madalena (1622). 

     Amador de Andrade teve de Maria, solteira, orfã, de Santo Tirso um filho de nome Manuel, baptizado em 03.04.1603. Nesse assento de baptismo Amador de Andrade declara-se filho do doutor Amador Ribeiro de Andrade. Já no assento de baptismo de Margarida de Andrade, filha de Alexandre Jácome e Isabel de Andrade, em 22.04.1605, em Santo Tirso, diz-se que o padrinho foi Amador Lourenço, morador no Porto. Também é conhecida uma procuração passada por Amador Lourenço, mercador, morador na cidade do Porto, na rua das Taipas, em 08.04.1608. Além disso, há dois registos de baptismo na freguesia da Lama, de  Manuel e de Ana, respectivamente, em 1617 e 1621, filhos de Amador Lourenço e de sua mulher. Todos estes factos podem reportar-se à mesma pessoa, ao filho do padre Amador Ribeiro de Andrade, irmão de Isabel de Andrade, num registo referido como Amador de Andrade e em todos os outros como Amador Lourenço. Se for assim, verifica-se que terá usado o mesmo nome que o seu avô, Amador Lourenço Ribeiro, que foi senhor da quinta de Beleique, em Guimarei, pelo menos para aqueles que pensam ser este o pai do antigo vigário de Santo Tirso.

      Quanto a André de Andrade, a sua descendência será referida mais adiante. Era filho do padre Amador Ribeiro de Andrade e, ao que parece, de Brites Vaz da Costa, segundo António Manuel Tavares Reis.

    (13) - Brás Rodrigues, tabelião público e judicial e escrivão das cisas de Refojos de Riba de Ave, senhor da quinta de Beleique, em Guimarei, casou com Mécia Pires, irmã de Bastião Pires, já referido atrás. Segundo alguns, tiveram: Inês Pires, Brás Rodrigues e Francisco Rodrigues. Brás Rodrigues terá herdado de seu pai o cargo de tabelião e casou com Cecília Varela, da quinta da Varziela. Francisco Rodrigues terá herdado de seu pai o cargo de escrivão de órfãos e a quinta de Beleique e terá casado com Brites Godins Malafaia, ao que parece, irmã de Baltazar Godins Malafaia, Pantaleão Rodrigues Malafaia e Pedro Rodrigues de Andrade e outros, filhos de Duarte Rodrigues Malafaia, abade de Penamaior. Uns dizem que são filhos de Francisco Rodrigues e Brites Godins Malafaia os seguintes: Amador Lourenço, Baltazar Godins Malafaia e Gaspar Lourenço, sendo que Amador Lourenço terá herdado o cargo de seu pai e a quinta de Beleique. Outros dizem que Amador Lourenço casou com uma filha de Francisco Rodrigues, de quem herdou o cargo e a quinta de Beleique. Seja como for, não está esclarecida uma possível relação de parentesco entre Andrades e Godins Malafaias, que alguns sugerem.

    (14) - Já com idade avançada, o alferes morreu sem deixar descendentes, ficando como herdeiras umas sobrinhas afastadas a quem o povo chamava  «as senhoras de Gião». Quem o conheceu em vida caracterizava-o como um homem de baixa estatura, razão pela qual a sua espada tocava no chão e daí ser chamado de «Espada a Rasto», inspirador de respeito, mas afável, apesar de rumores de um romance amoroso que manteve com uma criada e a morte obscura do filho de ambos, o que é pouco abonatório para esta personagem envolta em mistério. Mas diz-se que o seu maior pecado foi ter tomado posse indevida de terras, o que o condenou a penar pela eternidade.

  No dia do seu funeral terão ocorrido alguns acontecimentos estranhos. Primeiro, as abas do caixão em que foi colocado abriram inexplicavelmente. Depois de resolvido este percalço, os quatro homens incumbidos de pegarem ao caixão e o levarem a enterrar, acharam-no extraordinarimente pesado e tiveram extrema dificuldade em cumprir a sua tarefa. Por fim, à saída da quinta de Gião, verificou-se que o portão estava fechado não se sabe por quem, tendo demorado algum tempo para vencer mais este obstáculo.

  Começava, assim, a criar-se a lenda do «Espada a Rasto», com relatos fantasmagóricos alimentados pelo imaginário popular. Contavam os mais velhos que logo após o toque das trindades quem atravessasse a quinta ou passasse no lugar do Corvilho, actual rua de D. Maria do Carmo Azevedo, ouvia passos acompanhados do arrastar de uma espada, chegando alguns a afirmar que viam uma imagem esbatida de um oficial de cavalaria montado no seu cavalo branco.

  Com a morte das «senhoras de Gião» e as morosas questões da sucessão entre os herdeiros, a casa foi vandalizada, sofreu um incêndio que a destruiu quase por completo, libertando o alferes do quarto onde, no dizer do povo, estava aferrolhado, sendo certo que no referido quarto se registava um facto curioso, não havia mobiliário e no centro e sobre o soalho apenas se encontrava uma casaca de alferes, umas botas e a famosa espada.

  Ainda hoje há quem afirme que nas noites escuras de Inverno, quando o vento sopra com mais intensidade, ao passar junto do local onde foi a casa da quinta de Gião, se ouvem passos e o ruído do arrastar de uma espada.

     (15) - Malhados eram os prosélitos do partido constitucional na linguagem do partido miguelista, aludindo à bandeira bicolor e às calças de xadrez usadas por muitos liberais. Também chamavam mijados aos partidários de Passos Manuel, que era da ala esquerda do partido liberal.

     (16) - Na versão inicial deste artigo não havia qualquer referência a José Luís de Andrade. A sua inclusão fica a dever-se a uma sugestação de Francisco Carneiro Pacheco de Andrade, que em  06.01.2021, me enviou por correio electrónico a seguinte mensagem:

     Muito bom dia, 

     Quero em primeiro lugar dar os parabéns pelo site "Bairro Antigo" cheio de informações de muito interesse para quem se interessa pelas freguesias e (genealogias) entre Santo Tirso e Famalicão.  Para mim, que tenho ascendentes tanto em Santo Tirso como em Famalicão, o site tem inúmeros motivos de interesse. 

     Posto isto, venho apenas chamar a atenção para um motivo genealógico nunca abordado mas que creio ter interesse e que se refere aos Andrades de Santo Tirso: trata-se da ascendência de José Luís de Andrade, nascido em S. Tomé de Negrelos em 25 de Setembro de 1832 e que foi sobrinho e herdeiro testamentário do Conde de S. Bento e, tal como o seu tio, considerado um benemérito de Santo Tirso (tendo uma rua na cidade de S. Tirso com o seu nome). Aliás, José Luís de Andrade é amplamente referido no livro "Santo Thyrso de Riba d'Ave" de Alberto Pimentel.   
     Desde sempre, em Santo Tirso, me questionei se não haveria uma ligação entre José Luís de Andrade e os Andrades de Santo Tirso, referidos no seu site. E a verdade é que há. 
     O facto é que, José Luís de Andrade era filho de Joaquim José Luís e neto paterno de Maria Josefa de Jesus ( todos de S. Tomé de Negrelos). Ora, esta Maria Josefa de Jesus era filha de um Francisco de Andrade, quarto neto de André de Andrade e 5º neto de Amador Ribeiro de Andrade.  
 
     Fica esta dica, se considerar que pode ter interesse explorar e incluir no seu site.  
 
     Uma vez mais, muitos parabéns pelo excelente site produzido !
 
     Com os meus cumprimentos
 
     Francisco Carneiro Pacheco de Andrade      

     (17) - José Luís de Andrade nasceu a 25.09.1832 e foi baptizado a 27 do mesmo mês e ano. Era filho de Joaquim José Luís e de Maria Rosa, neto paterno de António Luís e de Maria de Jesus, de S. Tomé de Negrelos, e materno de Domingos José Ribeiro e de Rosa Maria Martins, de S. Miguel das Aves, bisneto de Francisco de Andrade (15.01.1731) e Joaquina de S. Bento, trineto de José Francisco e Mariana de Andrade, quarto neto de Francisco da Silva e Ana de Andrade, de Burgães, quinto neto de Maria de Andrade, sexto neto de Pantaleão de Freitas e Madalena de Andrade (26.05.1626), sétimo neto de André de Andrade e Luzia Varela e oitavo neto do padre Amador Ribeiro de Andrade (c. 1540 - 1602). 

     José Francisco e Mariana de Andrade casaram em 22.11.1729. Francisco de Andrade e Joaquina de S. Bento casaram a 29.12.1858 em Rebordões. Ana de Andrade faleceu a 25.08.1728. O registo do seu óbito diz que tinha perdido o juízo e que morreu de repente. Foi enterrada no adro da igreja de Burgães.

     Era sobrinho de Manuel José Ribeiro, conde de S. Bento. Faleceu a 24.07.1899.

     (18) - Manuel José Ribeiro era filho dos já referidos Domingos José Ribeiro  e de Rosa Maria Martins e nasceu a 28.08.1807 na Quinta de Poldrães, S. Miguel das Aves, onde os pais eram caseiros. Mais tarde viria a tornar-se Conde de S. Bento. Viveu em S. Miguel das Aves até aos 11 anos ajudando os pais nos trabalhos agrícolas, altura em que fez uma primeira tentativa frustrada para emigrar para o Brasil. No ano seguinte conseguiu chegar ao Brasil, a Belém (Pará), onde iniciou a sua vida profissional no comércio. Depois andou por algumas cidades do Baixo Amazonas e, em 1837, estabeleceu-se por conta própria, em Belém, fazendo nas décadas seguintes uma considerável fortuna. 

     Depois deu sociedade na sua casa comercial ao sobrinho José Luís de Andrade, a quem confiou a gerência da mesma. Pôde, em seguida, empreender várias viagens de negócios e lazer pelos EUA , Inglaterra e França. Finalmente, decidiu regressar a Portugal, fixando-se em Santo Tirso, a partir de 1874. Em Portugal desenvolveu ampla actividade benemérita que lhe granjeou o reconhecimento público. Liquidou a sua casa comercial no Brasil e transferiu para Portugal a grande fortuna que possuía.

     Em 1882 adquiriu parte do mosteiro de Santo Tirso e a sua quinta, que após a extinção das ordens religiosas tinham sido adquiridos por José Pinto Soares e depois passara à família Passos.Tencionava estabelecer no edifício uma escola, um hospital e um asilo. Hoje encontra-se aí instalada a Escola Agrícola Conde de S. Bento. Em 1886 foi inaugurado na vila um amplo edifício  para uma escola, que o visconde de S. Bento mandou construir e mobilar. Ofereceu à Câmara Municipal o terreno para abertura de ruas e alargamento da praça que tinha o seu nome. Nessa praça foi edificado o Hospital da Misericórdia, também doação do conde. O edifício do Clube Tirsense foi concluído já depois da sua morte, mas com os seus donativos. Atendia aos pedidos para subsidiar instituições, obras em igrejas, bandas de música, romarias e fogos de artifício no concelho de Santo Tirso ou fora dele, como é o caso das obras que mandou fazer na igreja da Carreira e na igreja de S. Miguel das Aves, entre muitas outras. 

     Em 1875 foi agraciado com a comenda de Nossa Senhora da Conceição e, em 1881 e 1886, recebeu, respectivamente, os títulos de Visconde e Conde de S. Bento. A 28.08.1892 foi inaugurada a sua estátua mandada erigir pela Misericórdia de Santo Tirso, a que o conde assistiu. Viria a falecer a 26.03.1893. Era solteiro e não tinha filhos. Fez seu herdeiro e testamenteiro o seu sobrinho José Luís de Andrade, também solteiro e sem filhos. Entre as diversas disposições do seu testamento destacaria a seguinte: «Quando eu morrer o meu sobrinho e sócio José Luís de Andrade dará no fim de um ano liberdade a todos os nossos escravos, homens e mulheres, e lhes dará também a quantia de cem mil réis a cada um».

     A sua obra continuaria através do seu legado testamentário, executado pelo sobrinho, ele próprio um «brasileiro» de torna-viagem. O sobrinho soube honrar a memória do tio e continuar a sua obra, executando o que o tio tinha em mente, mas que não teve tempo de concretizar.

 

     (19) - André de Andrade também deixou descendência em S. Miguel do Couto, através de seu filho Bento, embora não seja possível apresentar provas concludentes disto, visto que faltam algumas folhas dos registos paroquiais e outros são tão incompletos que deixam alguma margem para dúvidas. Os livros de assentos de S. Miguel do Couto dão conta do casamento de uma Isabel de Andrade, residente no lugar de Pereira, com Luís Francisco, do lugar de Bonjardim, em 04.01.1674, e que uma das testemunhas do casamento foi Gonçalo da Costa, cunhado da noiva, mas, contrariamente ao habitual, não indica a identidade dos pais. Também é possível encontrar o seu registo de nascimento, em 1644, em que igualmente se refere o lugar de Pereira daquela freguesia e que era filha de Bento da Costa e de sua mulher, sem a nomear, e que foi madrinha Isabel Varela, de Burgães. Como se observa, o lugar apontado para o seu nascimento coincide com a sua morada à data do casamento e também é o lugar onde residiu parte da sua descendência durante muitos anos. Além disso, o facto de a madrinha ser uma Varela, sendo certo que havia muitas ligações familiares entre Varelas e Andrades, são indícios de que estamos no bom caminho, mas certezas não há. Acresce que Bento da Costa e Maria Gonçalves, que julgo serem os pais de Isabel de Andrade, faleceram, respectivamente, em 1664 e 1667. Assim, como já eram ambos falecidos à data do casamento da filha Isabel de Andrade, talvez por esse motivo o celebrante do casamento achasse dispensável mencionar a identidade dos pais no registo do mesmo.

   Se até aqui tudo estiver certo, o pai de Isabel de Andrade será Bento da Costa. Então, procurei o seu registo de nascimento em S. Miguel do Couto. Encontrei alguns Bentos, mas por uma ou outra razão, especialmente pela data do nascimento, nenhum poderia ser o pai de Isabel de Andrade. Procurei em Burgães. Aí, como já disse antes, há um Bento, filho de André de Andrade e Maria da Costa, o que explica que nos registos paroquiais seja mencionado como Bento da Costa, nascido em 1617, o que é compatível com a data do nascimento de Isabel de Andrade e das suas irmãs. Também procurei o registo do seu casamento, mas o mesmo não foi encontrado, nem em Burgães nem em S. Miguel do Couto. Provavelmente a folha em que foi feito desapareceu. Há, contudo, o registo do nascimento de uma Beatriz, em 1648, no lugar de Pereira, freguesia de S. Miguel do Couto, filha de Bento da Costa e de sua mulher Maria Gonçalves. Deve ser irmã de Isabel de Andrade e nem sequer é única. Existe também o registo de um casamento de Maria da Costa com Gonçalo da Costa, ela filha de Bento da Costa e Maria Gonçalves. Há ainda o registo do óbito de Maria Gonçalves, do mesmo lugar de Pereira, em que se declara que fez testamento e que deixou por herdeira e testamenteira de seus bens sua filha Catarina. Quer dizer, Bento da Costa teria pelo menos quatro filhas: Isabel, Beatriz, Maria da Costa e Catarina. De notar que os nomes Isabel, Maria ou Catarina repetem-se muitas vezes nesta família e isso também é um bom indício. Resumindo, Isabel de Andrade, não terá tomado o apelido de seu pai ou de sua mãe, mas o do seu avô, André de Andrade.

   A partir daqui o percurso torna-se muito menos sinuoso, sem deixar de ser agreste. Em S. Miguel do Couto, a 20.11.1675, foi baptizada Custódia, filha de Luís Francisco e de sua mulher Isabel de Andrade, moradores no lugar de Bonjardim. Foi madrinha Beatriz, solteira, do lugar de Pereira, que presumo ser a irmã de Isabel de Andrade já atrás referida. Em 1678, baptizaram um outro filho, de nome Luís. Custódia de Andrade casou, em 07.08.1692, com António de Freitas, filho de João de Freitas e de Domingas Antónia, de Burgães. Filhos: Domingos (1693), Josefa (1696), André (1698), Maria e Manuel (10.09.1705). Não encontrei o registo do baptismo de Maria, mas num rol de crismados de 1719 é referido o seu nome e filiação. Custódia de Andrade faleceu em 1756, com 81 anos de idade.

    (20) - Durante algum tempo estava convencido que a Maria de Andrade, filha de António de Freitas e de sua mulher Custódia de Andrade, cujo nome consta de um rol de crismados de 1719 da freguesia de S. Miguel do Couto, com indicação dessa filiação, seria a minha sétima avó. Mas, contrariamente ao que pensava, apesar dos vários indícios que apontavam nesse sentido, agora parece evidente que não foi essa Maria de Andrade que casou com Manuel Francisco mas sim uma outra com o mesmo nome, nascida em Burgães, filha de Francisco Gil e de Madalena de Andrade. O assento deste casamento, que ocorreu em Burgães, não escapou a um outro seu sétimo neto de Areias, José Matos, professor do Instituto Superior de Engenharia do Porto, que fez o favor de mo dar a conhecer. Claro que isso obrigou a refazer toda a cadeia genealógica dos Andrades de Bairro e de outras localidades, embora chegando de igual modo a André de Andrade e ao padre Amador Ribeiro de Andrade. A versão que agora se apresenta, com todos os elos da cadeia baseados em suporte documental, nos registos paroquiais de Burgães, S. Miguel do Couto, Monte Córdova, Areias, Sanfins e Santo Tirso, dá garantias de não ter erros significativos. Contudo, se algum erro for verificado, claro que se procederá de imediato à sua correcção.

   (21) - Em 16.09.1743, tinha casado em primeiras núpcias com Teresa Francisca de quem também deixou descendência.

   (22) - Maria Teresa de Andrade, no seu registo de baptismo referida apenas como Maria, casou com António José Carvalho ou António José de Muinhos (sic), moleiro e lavrador, filho de Francisco Manuel de Muinhos e de Ana de Araújo, neto de João Manuel de Muinhos e de Teresa Maria Carvalho, todos da freguesia de Santo Estêvão Fins de Riba de Ave, ou abreviadamente Sanfins, bisneto de Moneo (ou Alonço ou Afonso) de Muinhos e de Maria Gonçalves, naturais de Santa Eulália de Caldellas, termo de ponte de Bedra, que presumo ser Pontevedra, embora outros registos apontem para Santa Eulália de Bóveda, no termo do Lugo, Galiza. O casamento teve lugar a 24.06.1849. Tiveram pelo menos os filhos seguintes: Ana (1850-1865), Manuel (1852), Jerónimo (1854) e José (12.01.1856).

    O casamento de João Manuel de Muinhos com com Teresa Maria de Carvalho teve lugar na freguesia da Carreira em 1767.

   José, filho de António José de Muinhos e de sua mulher Maria Teresa de Andrade, moradores no lugar de Azenhas, da freguesia de Sanfins, foi baptizado na igreja de S. Pedro de Bairro, sendo seus padrinhos José Rodrigues de Andrade e a mulher Ana de Sousa, tios maternos do baptizado. Numa nota à margem do seu registo de baptismo consta que lhe foi passada cédula com o nome de José António Carvalho.

   José António de Carvalho, lavrador, natural de Sanfins, casou com Ana da Silva Mendes, natural de S. Miguel das Aves, do lugar de Romão, onde o casal fixou residência. Um dos filhos deste casal foi Luís Gonzaga Mendes de Carvalho, que casou com Balbina Carvalho de Azevedo. Entre os muitos filhos deste casal, dois foram padres, José Azevedo Mendes de Carvalho e Joaquim Azevedo Mendes de Carvalho, que foram párocos, respectivamente, das freguesias de Avidos e de Bairro, ambas no concelho de Vila Nova de Famalicão. Ambos tinham formação musical e desenvolveram também actividades neste campo.

   Na Vila das Aves e em freguesias vizinhas vivem muitos descendentes de Maria Teresa de Andrade e do padre Amador Ribeiro de Andrade, muitos deles professores.

   (23) - Também deixaram descendência Manuel Rodrigues de Andrade e Francisco Rodrigues de Andrade, filhos de António Rodrigues de Andrade e de Maria Josefa Pereira. Ver «Os avoengos...» nas partes respeitantes a Ribeiros, Andrades e Baptistas.

   (24) - A minha avó, Maria Rodrigues de Andrade (1892-1971), não conhecia os seus antepassados para além de duas ou três gerações anteriores à sua, mas sabia que tinha familiares de apelido Andrade em Santo Tirso. Algumas vezes a ouvi falar disso. Certamente tal informação ter-lhe-á sido transmitida por seu pai e por seu avô, que por sua vez o sabiam pelos que os precederam. Como se percebe agora, a informação transmitida oralmente de geração em geração era absolutamente fidedigna.