Os Vilas Boas

     João Anes de Vilasboas, o primeiro deste apelido de que há notícia, foi senhor da Torre de Airó, situada na encosta do monte de Airó, na freguesia de S. Jorge de Airó, concelho de Barcelos. Foi um fidalgo muito distinto como consta dos registos do rei D. Dinis. Ainda viveu no tempo de D. Afonso III. Descende de Gonçalo Gil de Eiró, que já havia sido senhor da dita Torre de Airó. Mais remotamente, parece que descende de um de dois irmãos de Florença, que vieram para estas paragens nos alvores da fundação da nacionalidade portuguesa para servir D. Sancho II nas lutas contra Castela.
     Os Vilas Boas que viveram no lugar de Olival da antiga paróquia de Sanfins, hoje pertencente a Bairro, e os seus descendentes, todos eles descendem desse João Anes de Vilasboas, meu vigésimo primeiro avô. É possível fazer a descrição completa da linha genealógica que vai do primeiro Vilasboas que se conhece até aos que viveram no Olival. É isso que me proponho fazer aqui. Para esse efeito vou seguir de perto o conhecido genealogista Felgueiras Gaio (1) até chegar ao padre António de Vilas Boas, que foi vigário de Barcelinhos, meu oitavo avô. Depois os registos paroquiais de Sanfins de Riba de Ave, do Louro, de Barcelinhos e de Barcelos, permitem completar o caminho.
     Fernão Anes de Vilasboas, filho de João Anes de Vilasboas foi senhor da Torre e quinta de Vilas Boas, em Airó, solar desta família, e dos reguengos de Vilas Boas. Foi vassalo de D. Dinis.
     Diogo Fernandes de Vilasboas, filho de Fernão Anes de Vilasboas, foi senhor da quinta e torre de Airó e dos reguengos de Vilas boas em Trás-os Montes. Viveu no tempo de D. Pedro I. Devido a um desentendimento com o rei de Portugal, passou a Castela onde serviu o rei com valor reconhecido nas fronteiras de Granada. Depois da morte de D. Pedro I, voltou a Portugal. Casou com Briolanja de Araújo.
     Gonçalo Anes de Vilasboas, filho de Diogo Fernandes Vilasboas foi senhor da Torre de Airó e Alcaide Mor de Castelo de Vide. Viveu no tempo de D. João I, que o armou cavaleiro para entrar na batalha de Aljubarrota (2). Diz-se que prometeu que seria o primeiro a ferir de lança os castelhanos, o que terá cumprido. Participou nas Cortes de Coimbra em que se aclamou o rei D. João I. Foi sepultado no Convento de Vilar de Frades. Casou com Inês de Meira ou D. Domingas Meira. São meus décimos oitavos avós.
     Diogo Anes Vilasboas, filho de Gonçalo Anes, foi senhor da Torre e quinta de Airó. Casou com D. Brites de Azevedo.
     Gonçalo Dias Vilasboas, filho de Diogo Anes Vilasboas, foi senhor da quinta e Torre de Airó. Casou com Joana Martins da Costa. Foi sepultado em Vilar de Frades, como o seu pai e o avô. (3)
     Domingos Gonçalves Vilasboas, filho de Gonçalo Dias, foi senhor da Torre e quinta de Airó. Casou com Antónia Pereira. 
    Gonçalo Domingues Vilasboas, filho de Domingos Gonçalves, foi senhor da Torre e quinta de Airó, sendo por isso chamado o da Torre. Casou com Tareja Paes de Faria.
     João Gonçalves Vilasboas, filho de Gonçalo Domingues, foi senhor da Torre e quinta de Airó. Viveu no reinado de D. Afonso V. Foi sepultado em Vilar de Frades. Casou com D. Inês Pires Goes.
     Diogo Anes de Vilasboas, primogénito de João Gonçalves Vilasboas, comendador da Ordem de Cristo, foi militar em África ao serviço de Portugal, participou na tomada de Azamor e outros feitos de grande valor. Álvaro Anes de Vilasboas, secundogénito de João Gonçalves Vilasboas, foi senhor do solar de Vilasboas, em Viana do Castelo. Viveu, tal como o irmão antes referido, no reinado de D. Manuel I e, em 1510, dos livros da Câmara de Viana consta o seu nome por altura da fundação do Convento de Santa Ana. Casou com Maria Gonçalves Reimonde.
     Gonçalo Álvares Vilasboas, filho bastardo de Álvaro Anes Vilasboas, casou com Gracia Gonçalves. 
     Helena de Vilasboas, filha de Gonçalo Álvares Vilasboas casou em Viana com Sebastião Dias Barreto. 
     Isabel Dias Vilasboas, filha de Helena Vilasboas casou com António Álvares do Vale, filho de Pedro Álvares, da Casa da Torre Velha, da freguesia do Louro, e de sua mulher Isabel Rodrigues. Morou na rua da Nogueira, em Barcelos, onde nasceram os deus filhos.
     O Padre António Álvares Vilasboas, filho de Isabel Dias Vilasboas e de António Álvares do Vale, nasceu na Rua da Nogueira, em Barcelos. Foi coadjutor em Barcelos e depois vigário da freguesia de Santo André de Barcelinhos. Teve de cinco mulheres diferentes pelo menos 8 filhos. Pelos muitos filhos e netos que teve, chamavam-lhe «carneiro de sem.te». (sic) Baptizou alguns dos seus netos, designadamente no Louro. Dele descendem algumas famílias conhecidas como a de Felgueiras Gaio, atrás referido, ou a de Espírito Santo Salgado. Faleceu em Barcelinhos a 31.12.1710 e foi enterrado na capela-mor da igreja da dita paróquia.
     Maria de Vilasboas, filha do Padre António Álvares de Vilasboas, vigário de Santo André de Barcelinhos, e de Catarina Gomes, solteira, casou em 10 de Outubro de 1683, com António Domingues, filho de Bartolomeu Domingues e de sua mulher Ana Gonçalves, do lugar de Ribela, todos da freguesia de Santa Lucrécia do Louro. Segundo Felgueiras Gaio tiveram os filhos seguintes: Maria de Vilas Boas, Miguel de Vilas Boas, Josefa de Vilas Boas, João de  Vilas Boas e Bento de Vilas Boas. O baptizado de Miguel foi feito pelo avô, Padre António de Vilas Boas, no Louro, a 3 de Fevereiro de 1686.
     João de Vilasboas, filho de Maria de Vilasboas e António Domingues, casou no Louro a 20 de Maio de 1714 com Maria Rodrigues Fontes, filha de João Rodrigues Fontes e de Maria Luís, e tiveram os filhos que a seguir se indicam: Padre Francisco de Vilasboas, Luísa, Ana, Mariana e Isabel Maria Rodrigues Vilas Boas.
     Isabel Maria Rodrigues, filha de João de Vilas Boas e de Maria Rodrigues Fontes, natural de Santa Lucrécia do Louro casou a 21 de Maio de 1750, no Louro, com o Alferes José Álvares Ferreira, morador no lugar do Olival, freguesia de Sanfins, filho do Alferes Manuel Álvares Ferreira e de Rosa Dias Duarte. Tiveram pelo menos quatro filhos: Mariana (26.04.1751), José António (26.03.1756), Francisco José (1757-1776) e Lourenço Joaquim (...-1791). José Alves Ferreira faleceu em 02.09.1785 e Isabel Maria Rodrigues em 20.06.1799, ambos foram sepultados dentro da igreja de Sanfins.
     José António Álvares Ferreira Vilas Boas, filho do Alferes José Álvares Ferreira e de Isabel Maria Rodrigues, casou no Louro com Mariana Teresa da Silva Azevedo, da dita freguesia do Louro, filha de João Lopes de Azevedo e de Madalena da Silva Costa, de Mouquim, a 7 de Julho de 1777.
     Deste casamento houve pelo menos um filho, Manuel Alves Ferreira Vilas Boas, que nasceu em Santa Lucrécia do Louro e casou com Maria Martins, natural de S. Miguel das Aves, filha de António Martins Ribeiro, de Rebordões, e de Margarida Rosa, de S. Miguel das Aves. Residiram em Sanfins, na quinta do Olival. Filhos: José António (1835), Manuel José (26.01.1837), Joana (20.11.1838), Francisco (16.12.1840), Maria (05.10.1842), António (28.01.1845) e Felicidade (14.03.1848). Manuel Alves Ferreira Vilas Boas faleceu a 16.09.1862 e foi enterrado dentro da igreja de Sanfins.
     Um dos filhos, Manuel Alves Martins Vilas Boas, casou, em 05.12.1859,  com Rita Angélica Carneiro, filha de José Carneiro de Freitas, natural de Sanfins, e Ana Joaquina de Carvalho, natural de Sequeirô. São filhos deste casal: José (1861), Ana (1862), Felicidade (1865), António (1867) e Maria (09.04.1869). 
     Após o falecimento de Rita Angélica, Manuel Alves Martins Vilas Boas voltou a casar, desta vez com Joaquina Maria Monteiro, de Castelões. O casamento teve lugar em Ruivães. Deste segundo casamento também houve filhos: Francisco (1871), Joaquim (1873), Albino (25.01.1875), Manuel (1877), Domingos (1879) e Maria (1881). 
     A seguir apresenta-se uma breve súmula sobre o que me foi possível apurar sobre os filhos de Manuel Alves Martins Vilas Boas, tanto do seu primeiro como do seu segundo casamento.
     O filho mais velho, José Alves Martins Vilas Boas casou em São Miguel das Aves com Júlia Fernandes da Silva Guimarães. Moraram no lugar de Romão e tiveram pelo menos cinco filhos: Maria (20.10.1886), Eliza (24.10.1888), Joaquim (20.07.1890), Manoel (10.02.1892) e Álvaro (07.08.1893). Este último emigrou para o Brasil, onde casou com Laurinda da Silva Carvalho, nascida em Bairro em 18.03.1904. (4)
     Felicidade Martins Vilas Boas, nascida em 29.05.1865, casou com António Rodrigues de Andrade, filho de Domingos Rodrigues de Andrade, de que já se falou atrás. São meus bisavós.
     Joaquim Alves Martins Vilas Boas, nascido em 1873, casou com Amélia Borges Carneiro, de Areias. Filhos: Deolinda (1898), Ana (1902), Manuel (1904), Maria (1906) e Maria (1908). 
     Albino Martins Vilas Boas, emigrou para o Brasil com apenas 13 anos de idade, onde casou com Cecília Francisca da Silva Paiva. Tiveram onze filhos: António Martins Vilas Boas, Maria, Heitor Martins Vilas Boas, Elcídia Vilas Boas, Agostinha, José Martins Vilas Boas (31.05.1912-05.02.1991), Célia Martins Vilas Boas, João Martins Vilas Boas, Albino Martins Vilas Boas, Joaquim e Agostinho. O filho mais velho, António Martins Vilas Boas, nasceu a 15.11.1896, em Guiricema, Estado de Minas Gerais. Formou-se em Direito, foi delegado de polícia, promotor de justiça, advogado, juíz, professor universitário, diácono da Igreja Baptista, prefeito municipal de Araxá, Minas Gerais, Procurador da República de Minas Gerais e Ministro do Supremo Tribunal Federal, nomeado em 1957 pelo Presidente Juscelino Kubitshek de Oliveira. Faleceu em Brasília a 10.11.1987. (5)
     Maria Martins Vilas Boas, nascida em 1881, casou com Francisco Correia Machado. Pelo menos um filho: Lino (1906).

 

     Notas:

     (1) - Felgueiras Gaio (17.06.1750 - 21.11.1831) é o autor do «Nobiliário das Famílias de Portugal», obra publicada entre 1938 e 1941. O manuscrito foi doado pelo autor à Misericórdia de Barcelos. No décimo quarto volume, vigésimo oitavo tomo encontram-se várias páginas dedicadas aos Vilasboas.

     (2) - José Soares da Silva ao falar dos fidalgos que D. João I armou cavaleiros para entrar na batalha de Aljubarrota refere Gonçalo Anes de Castelo de Vide e não lhe dá o apelido de Vilasboas por ser à data alcaide daquela localidade.

     (3) - Há uma capela em Vilar de Frades que foi mandada edificar por Isabel Anes, filha de João Gonçalves Vilasboas. Nessa capela ficava o antigo Jazigo dos Vilasboas.

     (4) - Parte desta informação foi-me facultada  por um neto de Álvaro Alves Martins Vilas Boas, Mauro Segura, que depois de ter acedido ao meu site sobre a freguesia de Bairro, fez o favor de me dar a conhecer alguns factos importantes de que eu não tinha conhecimento. Reproduz-se a seguir o teor dessa mensagem:

     Prezado Senhor. 
     Parabéns pelo seu blog 
https://bairroantigo.webnode.pt/
     É espetacular e ele tem me ajudado a entender melhor a história da minha família. Estou enviando detalhes em outro email. 
     Aqui eu pretendo enviar um link que mostra a evolução da família de Albino Martins Vilas Boas no Brasil. 
     O senhor cita o nome do Albino no capítulo que conta a história dos Vilas Boas. 
     https://bairroantigo.webnode.pt/os-vilas-boas/
     Hoje eu fui no arquivo digital de Braga, na Universidade do Minho, e confirmei que Albino Martins Vilas Boas nasceu em 1875. No ano de 1888 ele tinha 13 anos e emigrou para o Brasil. O link abaixo mostra a evolução da família de Albino no Brasil. 
     Veja que o ANTONIO MARTINS VILAS BOAS, filho de Albino no Brasil, tornou-se um homem importante, inclusive como Ministro do Governo no Brasil. 
     Veja o link da história abaixo. 
     https://www.stf.jus.br/portal/ministro/verMinistro.asp?periodo=stf&id=207

     Por fim, Albino foi testemunha do casamento dos meus avós no Brasil.
     Alvaro Alves Martins Vilas Boas e Laurinda da Silva Carvalho
     Depois de casada, o nome da Laurinda mudou para LAURINDA DA SILVA CARVALHO VILLAS BÔAS.

     Abraços. 
     Meu nome é Mauro Tadeu Villas Bôas Segura.

     (5) - A informação contida neste parágrafo foi igualmente obtida através de Mauro Segura, a quem aproveito para agradecer.