Apontamentos sobre a genealogia dos Pereira de Castro de Bairro
Castro é um apelido de família da onomástica das línguas castelhana e portuguesa com raízes toponímicas, tendo origem nas centenas de castros espalhados pelo noroeste da Península Ibérica (Galiza, Leão, Astúrias e norte de Portugal). Descreve alguém que vivia num local fortificado, num castro ou num castelo
A família Castro era uma das cinco mais antigas de Castela, onde ocuparam durante toda a Idade Média os postos mais eminentes e as mais altas dignidades. Alguns genealogistas dizem que os Castros são de ascendência real e que eram a família mais importante da Galiza.
Diz-se que são originários de Castrogeriz, perto de Burgos, e que na Galiza havia outros Castros, ditos da nova raça.
D. Álvaro Pires de Castro e Inês de Castro eram filhos ilegítimos de D. Pedro Fernandes de Castro, galego, e da sua amante portuguesa Aldonça Lourenço Valadares.
A origem dos Pereira de Castro de Melgaço e de outros concelhos do Alto Minho é mal conhecida, mas há quem sustente que descendem de D. Álvaro Pires de Castro, atrás referido, que foi conde de Viana e de Caminha.
Nos livros de registo de batismos, casamentos e óbitos da freguesia de Bairro abundam referências a pessoas com os apelidos Pereira de Castro. Também se sabe que os Pereira de Castro são originários do Alto Minho, de Monção, Valença e Melgaço e que se espalharam por outras localidades. Uma dessas localidades foi a vizinha freguesia da Lama, em que, provavelmente por um ou mais casamentos, se tornaram proprietários da Casa de Barrimau. Embora sem ter ainda a certeza, acredito que os Pereira de Castro de Bairro e de outras freguesias das redondezas provêm todos dos que se fixaram na vizinha freguesia da Lama, vindos do Alto Minho, designadamente de Monção.
Em 06.04.1801, no livro de registos de casamentos da freguesia de Santo Estêvão Fins de Riba de Ave, vulgarmente conhecida por Sanfins, hoje anexa a Bairro, há uma referência a Manuel Pereira de Castro, natural da dita freguesia, filho de Jerónimo Pereira de Castro, já defunto, de Delães, ambos nascidos no século XVIII. Não sei se aqui deixaram descendência e se existe alguma relação de parentesco com outros Pereira de Castro mencionados depois nos mesmos livros de registo.
Os Pereira de Castro nascidos na freguesia de Bairro durante os séculos XIX e XX, descendem todos de António Pereira de Castro, proprietário, e de Maria Rosa, ele de S. Mateus de Oliveira ela de Bairro. Um filho deste casal, também António Pereira de Castro, em alguns registos referido apenas como António Pereira, natural de S. Mateus de Oliveira, casou em Bairro em 1851, com Joaquina Rosa Marques, natural desta freguesia de Bairro. Filhos: José (1854) (1), Maria (1857), Ana (1859), Joaquim (1861), António (1863), Domingos (1866) (2), Balbina (1867 ), Virgínia (1872) (3) e Francisco (1874), este último nascido no lugar da Boca, na Carreira. Todos os outros nasceram em Bairro.
Balbina Pereira de Castro casou com José Alves, em 17.02.1890, embora identificada no registo de casamento como Balbina Pereira Marques, ele de 26 anos, solteiro, lavrador, natural de S. Tomé de Negrelos, filho de Manuel Alves e Felicidade de Sousa, lavradores, da mesma freguesia, ela de 22 anos, natural de Bairro, filha de António Pereira de Castro, lavrador, natural de S. Mateus de Oliveira, e de Joaquina Rosa Marques, lavradeira, natural de Bairro. Filhos: António (1890), Joaquim (1892), Joaquina (1895), Felicidade (1897), Virgínia (1903) e Manuel (1909).
Felicidade Pereira de Castro, nasceu em Bairro a 20.12.1897, filha de José Alves e de Balbina Pereira de Castro, casou com António Pereira, nascido em Bairro em 21.08.1898, conhecido pela alcunha de Surrador, filho de Francisco Pereira. tamanqueiro, natural de Bairro, e de Emília Rosa Fernandes, costureira, natural de Sequeirô, neto paterno de António Pereira e de Josefa Ribeiro, e materno de Joaquim Fernandes e de Maria Rosa Alves.
Há pouco, encontrei um dos filhos deste casal, Fernando Castro Pereira, e perguntei-lhe se sabia por que razão a família tem a alcunha de Surrador. Disse-me que não sabia, que nunca tinha questionado o pai sobre esse assunto. Agora, após as pesquisas que fiz sobre os antepassados desta família, já encontrei a explicação para esta dúvida, da qual, aliás, já suspeitava. O pai de Francisco Pereira, atrás referido, era Jerónimo Pereira, casado com Ana Maria Carneiro, moradores no lugar de Pombal, que foi surrador, ou seja, curtia peles de animais. Alguns filhos, genros e netos dele continuaram esta atividade durante todo o século XIX e início do século XX. Por outro lado, importa notar que o ofício de tamanqueiro, que Francisco Pereira exerceu, pode estar relacionado com a atividade do pai e outros familiares, visto que o tamanqueiro usa couros e outras matérias que o surrador produz.
Há ainda um outro aspeto que esta história suscita: o nome do lugar de Pombal, que pode estar relacionado com a atividade de surrador que lá começou a ser praticada, talvez em finais do século XVIII, precisamente na altura em que o topónimo Pombal começou a aparecer nos livros de registos paroquiais. Se consultarmos as Memórias Paroquiais de 1758, verificamos que o lugar de Pombal ainda não existia com esta designação, ainda não era habitado. Começou a ser povoado depois daquela data. Provavelmente terá sido construído um pombal no lugar, o que era imprescindível para curtir peles, visto que, para além da cal e do tanino, os excrementos de pombo eram necessários para exercer esta atividade.
Para além de Fernando Castro Pereira, atrás referido, também António José, Fernanda, Margarida, Alberto, Carlos, Miguel e Maria Alcina eram filhos de António Pereira e de Felicidade Pereira de Castro. Maria Alcina de Castro Pereira casou com Manuel Maria de Castro Alves, em 1957.
Voltemos atrás a outro filho de António Pereira de Castro, de nome Francisco Pereira de Castro. Nasceu na Carreira, no lugar da Boca, a 13.10.1874, filho de António Pereira de Castro, lavrador caseiro, natural de S. Mateus de Oliveira, à data anexa a Delães, e de Joaquina Rosa, natural de Bairro, recebidos em Bairro, mas em 1874, paroquianos e moradores na Carreira.
Francisco Pereira de Castro casou com Felicidade dos Santos Cunha a 28.03.1898, ele de 23 anos, cantoneiro, natural da Carreira, filho António Pereira de Castro e de Joaquina Rosa, proprietários, ela de 18 anos, tecedeira, natural de Bairro, filha de Manuel Luís dos Santos e de Carlota Maria da Cunha, proprietários, de Bairro. Filhos: Manuel (1898), António (1900), José (1902), Joaquim (1903), Joaquina (1906), Virgínia (1908) e Rosa (1909).
Virgínia Pereira de Castro nasceu no dia 21.03.1908, filha de Francisco Pereira de Castro, cantoneiro, e de Felicidade dos Santos Cunha, tecedeira, ele natural da Carreira ela de Bairro. Casou em 1933 com Manuel Azevedo Alves Júnior, o qual nasceu a 28.02.1908, em Ruivães, filho de Manuel Azevedo Alves e de Felicidade Dias Correia, jornaleiros, recebidos e paroquianos de Ruivães, moradores no lugar da Deveza, neto paterno de avô incógnito e Maria de Azevedo Alves e materno de António Dias Correia e de Miquelina Rosa de Azevedo. Dois anos depois, os pais de Manuel Azevedo Alves Júnior já moravam noutro lugar, em Rebordelo, e eram lavradores caseiros.
Manuel e Virgínia tiveram oito filhos, dos quais sei o nome dos seguintes: António, Francisco Assunção, Manuel Maria, Eva, Adão, Ivo e Fernando. Ela faleceu em 1945. Manuel Azevedo Alves Júnior voltou a casar em segundas núpcias, em 1948, com Maria Augusta Martins Cruz (18.05.1915 - 12.06.1995). Deste casamento nasceram mais quatro filhos. Ele faleceu 22.11.1983.
Manuel Maria de Castro Alves nasceu em Bairro a 21.10.1935, filho de Manuel Azevedo Alves Júnior e de Virgínia Pereira de Castro. Pelo lado materno, era neto de Francisco Pereira de Castro, cantoneiro, natural da Carreira, e de Felicidade dos Santos Cunha, tecedeira, natural de Bairro, bisneto de António Pereira de Castro e Joaquina Rosa Marques, ele de S. Mateus de Oliveira ela de Bairro, trineto de António Pereira de Castro e Maria Rosa, proprietários, ele de S. Mateus de Oliveira ela de Bairro.
Casou em 1957 com Maria Alcina Castro Pereira, filha de António Pereira e de Felicidade Pereira de Castro, neta pelo lado paterno de Francisco Pereira, tamanqueiro, natural de Bairro, e de Emília Rosa Fernandes, costureira, de Sequeirô, e pelo lado materno de José Alves, lavrador caseiro, de S. Tomé de Negrelos, e de Balbina Pereira de Castro, lavradeira caseira, natural de Bairro, bisneta de António Pereira e Josefa Ribeiro, de Joaquim Fernandes e Maria Rosa Alves, de António Pereira de Castro e Joaquina Rosa Marques, trineta, entre outros, de António Pereira de Castro e Maria Rosa. Tanto Manuel Maria como Maria Alcina são bisnetos de António Pereira de Castro e Joaquina Rosa, o que significa que são parentes em sexto grau, de acordo com a lei civil, ou em terceiro grau, segundo a lei canónica.
Para além dos aqui referidos, há muitas outras pessoas de apelido Pereira de Castro que nasceram em Bairro, pelo que este texto se tornaria demasiado longo se todas fossem mencionadas.
Notas:
(1) : Casou com Maria Barbosa. Filhos: António (1884) e Francisco (1892).
(2): Casou com Custódia Machado da Silva. Filhos: Manuel (1897), Luís (1890), José (1899) e Quitéria.
(3): Casou com António José Dias.
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