Genealogia de Clemente da Costa Pereira    

    Clemente da Costa Pereira, meu avô paterno, era filho de José da Costa Perteira, natural da Carreira, e de sua mulher Joaquina Rosa de Sousa, natural de Santo Estêvão Fins de Riba de Ave, ou abreviadamente Sanfins.

 

Consegui apurar a sua genealogia até ao início do século XVII. Descende de António Fernandes e de Maria Gonçalves sua mulher, lavradores, moradores na casa da Bica, lugar de Segade, freguesia da Carreira. Deste casal nasceram pelo menos Custódia (1617), Custódia (1620), Frutuoso e Francisco (05.10.1625).

 

    Francisco Gonçalves da Bica casou com Ângela Fernandes e deste casamento nasceu Agostinho Gonçalves, sendo baptizado em 18.05.1656. Foi padrinho o padre Agostinho Fernandes Pimenta, abade de Bente, pai de Ângela Fernandes. Francisco Gonçalves da Bica faleceu em 30.07.1705 e fez testamento, que pode ser consultado no livro de testamentos da freguesia da Carreira.O padre licenciado Agostinho Fernandes Pimenta é 7º. avô de Clemente da Costa Pereira e, portanto, meu 9º. avô.   

  

    Em 22.04.1690 teve lugar o baptizado de Agostinho, filho de Catarina Pereira, solteira, do lugar de Paredes, Carreira, que indicou como pai Agostinho Gonçalves da Bica, solteiro, do lugar de Segade, da mesma freguesia. Catarina Pereira nasceu a 07.07.1675, filha de Francisco Gonçalves e de sua mulher Ana Pereira, pelo que teria menos de 15 anos quando o filho nasceu, o qual é identificado como Agostinho Pereira nos diversos registos e desse modo assina. Agostinho Gonçalves deve ter reconhecido a paternidade, uma vez que Agostinho Pereira herdou os bens do pai, designadamente a casa da Bica.

 

    Agostinho Pereira casou com Custódia Carvalho, filha de Amaro Francisco Carvalho e Domingas de Araújo, todos de Santa Maria de Oliveira. Tiveram pelo menos os cinco filhos seguintes: Ana Maria (05.01.1710 - 1710), Manuel (20.10.1711 - 08.06.1792), Ana Maria (10.12.1712 - …), Antónia, Jerónima ( … - 29.09.1726) e Custódia.

 

    Manuel Pereira de Araújo casou com Antónia Maria de Carvalho Quadros, filha de António Fernandes Espinhel e Joana de Carvalho Quadros, de Delães. Tiveram os filhos seguintes: Manuel José (1763), João António (1765), António José (1768), Ana Maria (1770), João António (1773) José Manuel (1775) e Francisco Joaquim (1777). Manuel Pereira de Araújo e Antónia Maria de Carvalho Quadros, meus quintos avós, também são quintos avós do conhecido político Francisco de Sá Carneiro, como se explica com detalhe em «Os avoengos: ... Pereiras...», neste mesmo site.

 

    António José Pereira casou com Custódia Maria de Araújo, filha de João de Araújo e de Maria de Araújo, de Bairro, e, em 1803, nasceu o filho de ambos, Manuel Pereira. Não apurei se houve mais filhos do casal.

 

    Manuel Pereira, em alguns registos identificado como Manuel José Pereira, carpinteiro, casou Maria Leonor da Costa, ambos moradores na Carreira. Em 1828 nasceu o filho de ambos na casa da Bica, José da Costa Pereira, meu bisavô. A casa em que nasceu e viveu, assim como muitos outros meus antepassados, julgo ser do século XVIII, está actualmente devoluta e bastante arruinada e fica junto à antiga fábrica da Carreira, em frente à estrada que da Carreira dá acesso a S. Simão de Novais e a Ruivães.

 

    José da Costa Pereira, natural da Carreira casou em 23.12.1850 com Joaquina Rosa de Sousa, filha de Joaquim Vicente de Sousa, carpinteiro, e de Maria do Rosário Cirne, todos naturais de Sanfins. Fixaram residência no lugar de Pombal, da freguesia de Sanfins, onde construiram uma casa, que ainda hoje existe, embora muito aumentada e remodelada. Tiveram os filhos seguintes: Joaquim (1850), Quitéria (1854), Guilhermina (1856), Maria (1859), António (1862), José (1864), Manuel (1869), Lino (1871), Alfredo (1873) e Clemente (19.06.1875). Muitos dos filhos do casal emigraram para o Brasil.

 

    António da Costa Pereira, conhecido como António Bica, foi um dos que emigrou para o Brasil muito novo. Parece que foi bem sucedido e, de uma vez que veio a Portugal, alardeava sinais exteriores de riqueza que todos notavam. Voltou mais tarde ao Brasil, mas desta vez, as coisas não lhe terão corrido tão bem e, quando regressou definitivamente, vinha pobre e com a saúde muito debilitada, com sintomas de desarranjo mental. Por essa altura deambulava pela freguesia sempre na companhia do seu amigo inseparável, o seu cão, que dava pelo nome de «Moleque», um e outro muito excêntricos. Mas este não era um cão qualquer: fazia tudo o que o dono mandava, até as maiores maluquices, como atirar-se da ponte da Pinguela ao rio Ave. Fazia-o várias vezes se o dono assim o exigisse. Tal como o dono, também era viciado em café. O António Bica trazia sempre no bolso um pacote de café e, em qualquer casa da freguesia, pedia à dona que o deixasse fazer café para ele e para o cão, ao que, com mais ou menos relutância, anuiam.

 

    Um dia desapareceu e nunca mais voltou. Foi procurado, mas nunca se chegou a saber o seu fim.

 

    Clemente da Costa Pereira (19.06.1875 - 24.12.1948) não emigrou e exerceu o ofício do pai e do avô: carpinteiro. Como seu pai e avô especializou-se na construção e reparação de carros e carroças, construção e reparação de azenhas e moinhos, bombas para tirar água de poços em madeira, construção de ramadas… Casou com Maria Rodrigues de Andrade, filha de António Rodrigues de Andrade e Felicidade Martins Vilasboas. Tiveram os filhos seguintes: António (22.03.1915 - 17.10.1983), Manuel (04.04.1917 - 21.04.2000), Lino (1919-...), Olívia (02.11.1921 - 11.05.2015), David (01.03.1926 - 06.10.1987), Basílio (04.02.1929 - 24.02.2009) e José (12.04.1931 - 11.12.2016).